quinta-feira, 27 de dezembro de 2012


Rituais da Nação Ijexá no Rio Grande do Sul

Por Eduardo Cezimbra - Babalorixá Tita de Xangô

A religião de origem africana é cultuada no Brasil desde o século XVI. Os negros oriundos de diversas etnias trazem em seu ser, a intimidade com rituais milenares do culto aos Orixás e seus antepassados, os Eguns.

No Rio Grande do Sul, os escravos marcaram nossa cultura com o que tinham de melhor, ou seja, a sua religiosidade, no que ficou conhecido mais tarde como Batuque. Os iorubás tiveram uma participação mais intensa no espírito da religiosidade e nos mitos e rituais que acabaram de servir de modelo a todos que praticam a cultura africanista no estado. 

O termo batuque surgiu entre nós como uma onomatopeia, porque esta palavra no original  servia para se referir a dança, passando mais tarde  a significar a própria religião dos negros africanos do RS.  A  palavra “Pará” referia-se ao quarto destinado aos orixás,  e não a religião em si como escrevem alguns autores. Os antigos ainda se referem ao quarto de santo chamando-o de   “Pará”.

As nações denominadas iorubás no Sul do Brasil seriam os rituais nagôs, Oyó e Ijexá. Os nagôs, porém, seria a denominação dada pelos franceses  a todos os negros que falavam iorubá. Aqui os de nação Oyó, Jêje e principalmente o Ijexá influenciaram na implantação dos rituais, das hierarquias, da adoração etc.

Devido a riqueza de conteúdo e à expressão mais nítida de suas origens, o Batuque que se  apresenta no Rio Grande do Sul contém elementos e rituais diferentes dos Candomblés praticados na Bahia e em outras regiões do país. As tradições de nossa cultura africana são oriundas de aldeias longínquas da Nigéria, locais de difícil acesso aos caçadores de escravos, cujas atividades religiosas se  diferenciavam das demais no próprio território africano.

A falta de um estudo profundo aliada ao fato do Rio Grande do Sul não ser um estado de grande expressão turística contribuíram para que não fossemos reconhecidos como um estado, também, pioneiro no que se refere ao culto aos orixás. Recentemente o IBGE divulgou uma pesquisa confirmando que o Rio Grande do Sul é o estado com maior número de adeptos da religião africana.

É visível a falta de investimento na cultura e uma melhor estruturação nos terreiros de ritual africano que tanto contribuem com a história do povo rio-grandense.  Temos muitos terreiros fundamentados no axé, uma riquíssima cultura e não se tem um digno reconhecimento tal qual outros Estados da Federação onde temos um incentivo contínuo e investimentos que resultam no tombamento de importantes  terreiros.  Até mesmo a mídia local deveria contribuir buscando mostrar os acontecimentos positivos de nossa cultura, deixando de fazer sensacionalismo com os que adoram aparecer, distorcendo a verdadeira face da religião. É impossível no estado que contém o maior número de adeptos do ritual africano não ter uma estrutura cultural digna.

A Religião Africana tem um dos mais belos rituais do nosso planeta, é uma vastidão de ciência, que vamos envelhecer morrer e nunca vamos saber tudo da religião. Há diferentes conceitos sobre o culto aos Orixás, cada nação, cada região  tem sua maneira particular de tratar e cultuar os santos, porém,  o Xangô que está assentado nos terreiros do Rio Grande é o mesmo que está  na Bahia, Pernambuco, etc.


 Além do  Ijexá  temos no batuque os rituais das  nações  Cabinda, Jêje, Nagô e Oyó.  O  Ijexá  é uma das nações mais bem conservadas, principalmente suas rezas em Yoruba servem o ritual de todas as nações. Cada terreiro tem sua particularidade em fazer seus rituais, as vezes procedimentos essenciais em um terreiro não totalmente insistente em outros. Este fato é respeitado; é bom salientar que quanto mais conservarmos os rituais de nossa feitura mais será preservado a força de nossa nação, mantendo as tradições daqueles que nos passaram os ensinamentos. A Religião Africana que era exclusiva dos grupos negros descendentes de escravos mudou, se espalhou por todos os lugares e deixou de ser uma religião exclusiva do segmento negro, passando ser uma religião para todos; só que as velhas tradições, até alguns anos preservadas, infelizmente, com esta propagação deixaram de ser mantidas e corremos grande risco de num futuro bem próximo estarmos a mercê de gente que nada tem a ver com os cultos, que entraram para a religião por acharem bonita, interessante e uma boa fonte de ganho, não que para fazer os rituais não precise de dinheiro, precisa , mas não da maneira que estão fazendo.


 Antigamente um axé de Búzios e Facas eram dados a quem tinha DOM comprovado e que realmente aquele iniciado teria sido escolhido pelos Orixás, não ao contrário; só então teria argumentos para receber o aprendizado, o axé se recebia por merecimento, não era vendido. Por que hoje em dia se debandam uma porção de batuqueiros para a Igreja Universal entre outras? Muitas vezes estas pessoas estavam onde não deviam, pois quem é verdadeiramente do Santo já mais o abandona, por mais dificuldades que se passe não “se pula de galho em galho”. Há pessoas que pensam por ser do ritual africano não poderá ter  nenhuma dificuldade na vida.  O que diriam os nossos antepassados, que sofreram a violência no período da escravidão.  Não existe, no Brasil, raça mais massacrada do que a do negro e mesmo assim os verdadeiros religiosos prosseguiram com sua fé nos Orixás. A culpa não é só desses que vivem saltitando religiões, é também dos sacerdotes que por qualquer queixa que recebem de um consulente já acabam  iniciando-os, sem necessidade, contribuindo com o entra e sai nos terreiros, deveríamos fechar mais nossas portas a esses acontecimentos, muitas vezes com um simples axé se resolve os problemas de nossos  semelhantes  em dificuldades sem precisar colocá-los em compromisso.  Ao pastor o que é do pastor e aos terreiros o que é dos Orixás.

A religião que antes encontrara condições sociais, econômica e culturais muito favoráveis, hoje privilégio de poucos terreiros, deixou de ser a religião dos pobres de todas as origens étnicas e raciais e passou a ser a religião das elites, não só no sul, mas em todo Brasil. A princípio a expansão da religião deveria ser para a conservação dos rituais, os antigos se manifestam temendo  que  aconteça ao contrário.

 Há também o culto aos eguns. Este ritual  é a parte  mais melindrosa de nossa religião, não é uma coisa assim tão misteriosa, porém, não se faz este procedimento com frequência como fizemos para os Orixás. Hoje em dia todos querem ter o assentamento de Balê; antigamente só assentava o  Balê quem tinha pai ou mãe de santo falecidos(dentro da Nação Ijexá), para poder ter um egum chefe dentro do Balê ou Igbale.  As rezas de eguns também são no idioma yorubá, e difere-se muito das dos orixás. É importante que , aqueles que ainda detém conhecimentos no culto aos eguns passe aos seus descendentes religiosos, assim como os trabalhos, trocas, limpezas, rezas e outros fundamentos da religião africana. Nas décadas passadas quando um Babalorixá ou uma Yalorixá precisava passar uma limpeza ou fazer uma troca, enfim , qualquer tipo de trabalho os seus próprios filhos de religião estavam aptos para fazer, hoje em dia, muitas vezes tem que depender de sacerdotes de outros terreiros; e nem sempre se cai em boas mãos. Quando falecia um pai ou mãe de santo os filhos da casa eram quem faziam as obrigações de Arissum (èrìsún).   Muitas vezes dependem de gente de outros terreiros para fazerem este ritual.   Se morrer alguém da nação Ijexá é importante que o èrìsún seja feito por gente da mesma nação e assim por diante.


Outra particularidade dos terreiros de Batuque é no sentido de amparo aos seus seguidores. Não conhecemos outras religiões na qual seus sacerdotes participem em quase todo cotidiano de vida de seus adeptos.  Dentro dos terreiros encontramos uma convivência familiar constante, idêntica, independente da nação de origem.  Em outros cultos, o sacerdote reza, dá o sermão etc.  o fiel vai embora e naquele local não se sabe as necessidades   daquele  crente.  Os verdadeiros sacerdotes abrem seus terreiros, sabendo que ali aparecerá “até alma penada” pedindo auxilio.  Ciente de sua obrigação com a comunidade o “pai ou mãe de santo”, participa constantemente dos problemas daqueles que frequentam o terreiro.  Todos os momentos de alegrias ou de tristezas são vistos de perto pela família religiosa de nação, desde o nascimento até a morte de um ente querido da pessoa que faz parte do culto. Quando há uma gestação, são feitos os ritos necessários para o bom desenvolvimento do feto na intenção de nascer  uma criança saudável. 

 Na criação,  o sacerdote também participa,  fazendo de tudo para que aquela pessoa se desenvolva  para o bem. Se há alguém enfermo, estamos juntos no leito de doença tanto em casa como dentro dos hospitais.  Quando um filho está desempregado o sacerdote não sossega, fazendo aberturas para encaminhar para um bom trabalho. Se há alguém se desviando para o mal, é comum a irmandade se juntar nos trabalhos para recuperar este ser.  Quando morre um filho de santo  ou familiar deste, lá está o sacerdote encarregado de dar amparo a todos, sofrendo também esta perda. 
E dependendo do grau de iniciação levam-se dias preparando os mais complexos rituais para encaminhar aquela alma.  
E mesmo com toda esta dedicação tem criaturas que após receber todo este amparo dá as costas, se distanciam daqueles bons sacerdotes e sacerdotisas que muitas noites de sono perderam em seu beneficio.  Mesmo assim os terreiros de Orixá estão sempre abertos a todos sem distinção ou qualquer preconceito.

Rituais

O primeiro preceito a que uma pessoa se submete em um terreiro é a lavagem de cabeça com o Omieró ( água de segredo), feito com as  folhas sagradas de cada orixá. A partir daí já é um iniciado, usará contas com a cor dos orixás de cabeça e suas passagens,  e passará a fazer parte de algumas  obrigações do terreiro.

Dependendo da situação o próximo ritual será o de assentamento do Eledá, mais conhecido como feitura de  Borí ( dar de comer à cabeça, Orí). Esta obrigação é considerada a mais importante dentro dos ritos de iniciação, pois consiste em uma troca energética  indispensável  para ligar o individuo e seu orixá.

Ori, de modo geral quer dizer cabeça. Mais especificamente, é um ponto no alto da cabeça, normalmente identificável como “centro” do redemoinho formado pelos cabelos. Corresponde a um centro de força (chacra), o primeiro a surgir nas listas de pontos de entrada e saída de força energética em diversas culturas diferentes.  No batuque, corresponde ao ponto principal do corpo de qualquer pessoa, pois é por onde entra e sai o fluxo de troca de energia que consiste ao culto dos orixás. É uma espécie de “portão” espiritual para o culto,  sendo que quando alguém se inicia submete hierarquicamente essa passagem a um sacerdote e, principalmente, a um orixá, um arquétipo ao qual corresponde  uma força energética emanada da natureza. Essa cerimônia de iniciação chama-se bori.
É na cabeça e no cérebro que reside a força principal de captação e re-emissão de axé, pois é nessa região que se determina qualquer tipo de comportamento, onde se pode reproduzir o conjunto de atitudes que correspondem às características psicológicas de um orixá, pois há uma estreita identidade entre a divindade e seu filho(a).  É necessário reforçar o Bori depois de um período, de acordo com as necessidades e orientações  do babalorixá ou ialorixá.

Após a feitura de bori o iniciado poderá fazer o assentamento dos orixás.  Esse é o processo ritualístico pelo qual se liga a um corpo material o axé, a força mística de uma energia imaterial. Por redução, o termo utilizado para designar o objeto okutá (pedra), e símbolos (ferramentas) que representa o orixá. Os sacerdotes  e seus auxiliares se envolvem em ritual secreto onde  inúmeros procedimentos são feitos para que  a energia mística do orixá fique concentradas nos objetos que o representam.  Estes complexos rituais acabam por fazer a ligação objeto, no caso o okutá, individuo e orixá. Os obejtos sagrados ficam sob a guarda do babalorixá ou ialorixá e deverão receber reforços (obrigações de matança) de acordo com as determinações do próprio orixá.  O iniciado necessita aprender todos os procedimentos ritualísticos para que no futuro, após um período mínimo de sete anos , receberá os axés de búzios e facas tornando-se um babalorixá ou ialorixá e poderá, se for a vontade de seu orixá, abrir seu próprio terreiro.


Um sacerdote que se designe abrir um terreiro tem a necessidade de conhecer profundamente os fundamentos da religião, quanto mais tempo permanecer envolto em seu terreiro de origem,  mais experiências terá dentro do culto. É uma longa faculdade, onde o conjunto paciência, humildade e perseverança fará com que se forme um novo professor que terá que saber, além da tradição fundamental dos ritos, orientar os seres humanos na sua busca de equilíbrio energético, de troca espiritual  com a energia viva que está na natureza, isto é,nos orixás. Essa orientação muitas vezes também se configura em conselhos referentes a assuntos mais terrenos, funcionando um pouco como uma espécie de psicólogo de grupo informal.

Entre o filho e o pai de santo se forma uma ligação espiritual que só a morte pode romper sem provocar desequilíbrio em nenhum dos dois. Mesmo assim, em caso de morte do pai de santo, o iniciado deve passar pelo ritual de “tirar a mão da cabeça”, ou seja o desligamento com seu ori, até então manipulada pelo falecido, evitando, assim, permanecer ligado a um egum.


fonte de pesquisa;http://www.xangosol.com/rituais.h


Balança é o coroamento!


A balança é o coroamento,é a confirmação da festa de quatro patas para os orixás.É a reunião de todosd os orixás numa roda onde somente os prontos e os Babalorixás e Yalorixás podem participar.A balança é o terômetro que medirá o comportamento da obrigação,pois,de acordo com a suavidade com que os orixás se comportem ao dançar,na mesma,terá sido a aceitação ou não daquele ebó pelos orixás.Em hipótese alguma a balança poderá rebentar,depois que a mesma for fechada e que o tamboreiro começe a tocar o axé de reza para a balança,sob pena de que alguma das pessoas que integram aquela obrigação ou até mesmo que o chefe do terreiro venha a morrer decorrente de haver sido rebentada a balança.
O orixá,quando a festa for de quatro patas,não deverá chegar antes de iniciar a balança,pois,o mesmo,só chegará antes se a obrigação estiver errada ou se algo de muito grave estiver para acontecer e o mesmo veio para avisar.
Quando se fizer uma balança para os orixás novos,de Bará a Chapanã e outra para os orixás velhos,Oxum,Iemanjá e Oxalá,a pessoa que participar de uma (novos),não poderá participar de outra(velhos).
Balanças de Orixás:
*Para Bará(Legba,Lodê)Ogum(Avagã):
Composta de 14 ou 07 homens(só homens)e com a porta da rua aberta.
*Para Bará,Ogum,Iansã,Obá e Ossanha:
Composta de 14 ou 07 pessoas(homens e mulheres)
*Para Xangô:
Composta de 12 ou 06 pessoas(homens e mulheres)
*Para Chapanã:
Composta de 18 ou 09 pessoas(homens e mulheres)
*Para Odé,Otim,Oxum,Iemanjá,Oxalá:
Composta de 32,16 ou 08 pessoas(homens e mulheres).
Quando a balança não for específica para um orixá ela deve ser composta por pessoas em múltiplos de 06 ou de 08:06,12,18,24,30 ou 08,16,24,32.
Reza:
Amaô eliço bô xangô acaraô anicéu anicéu
R:Eliço godô acaraô anicéu anicéu
Abaorô
R:Anicéu anicéu
Enicéum abaorô
R:Anicéum abaorô
Eliço godô acaraô anicéum,anicéum
R:Eliço godô acaraô anicéum,anicéum
Alujá.
 Alujá de Xangô e Alujá de Iansã

Logo após a Balança os Orixás que estão no “mundo” dançam o Alujá do Xangô e o Alujá de Iansã, respectivamente, ritmos do tambor, característicos destes Orixás. Os orixás jovens dançam em frente ao “pagodô” local mais elevado (espécie de palco) onde ficam os alabês. Durante o alujá é contagiante o axé e a empolgação com que os orixás dançam, proporcionando um momento de rara beleza.


 Saida do ecó

A saída do ecó simboliza a saída de toda a negatividade que existe no ambiente e nas pessoas presentes prepara o ambiente para os erís dos Orixás de praia, que tem um toque mais brando. Enquanto sai o ecó, os alabês continuam puxando os erís, só que agora puxam os erís dos orixás da rua – Bará Lodê, Ogum Avagã e Iansã Timboá – não há movimento da roda e a assistência evita olhar para o que está acontecendo, virando para a parede. Diz a crença que quem olhar a saída do ecó atrai para si a negatividade ali contida.

 Roda de Ibedji 

No Batuque de Quatro-pés há a roda de Ibedjis, no Gêge-Ijexá ela acontece durante os erís de Oxum. É o momento em que as crianças participam da obrigação e as mulheres que pretendem a maternidade ou que estão grávidas fazem os seus pedidos e agradecimentos. Os orixás, principalmente Oxum e Xangô, distribuem aos que estão na roda e na assistência, as frutas, os doces – quindins, merengues, cocadas, bolos – que estão no Quarto-de-santo.

 Axés dos Presentes

Geralmente acontece quase no final do Batuque, os orixás que estão aniversariando “apresentam” seus bolos, tantos os orixás quanto os filhos-de-santo que não se ocupam, mostram a todos o seu bolo com a vela acesa (correspondente aos anos de assentamento do orixá), enquanto são saudados pelos presentes. Depois os bolo são servidos aos convidados e o excedente é distribuído juntamente com os mercados.
São de costume também, os convidados ofertarem presentes ao Orixá do Babalorixá ou Yalorixá por ocasião de seu aniversário de aprontamento. Os presentes mais comuns são: flores, perfumes, doces, utensílios que podem ser usados no dia-a-dia Ilê, etc. É neste momento que o Babalorixá ou o próprio Orixá apresenta á todos o presente recebido.

 O Axé do Alá de Oxalá

Pertence aos erís do Oxalá o axé do Alá. Em determinado momento, os filhos-de-santo com estatura mais elevada suspendem ao alto um grande Alá branco. Enquanto a roda e os erís continuam, todos passam por baixo do Alá pedindo ao orixá do branco a paz e a proteção
O Aforiba ou a Dança do Atã

O aforiba é o momento em que Ogum e Iansã demonstram a passagem em que Iansã embebeda Ogum para fugir com Xangô. O Babalorixá convida um Ogum e uma Iansã para fazerem o Aforiba, então ela coloca no centro do salão duas garrafas contendo atã (aforiba) e as armas pertencentes a estes orixás (espadas). Iansã toma as garrafas e oferece á Ogum que logo se embebeda, mas em seguida Ogum volta a si e vai atrás de Iansã empunhando sua espada. Os dois lutam, mas Iansã consegue acalmar Ogum e os dois reconciliam-se e voltam a dançar juntos.

Tendo um Xangô no mundo poderá vir ele fazer parte do Aforiba. Xangô vem em defesa de Iansã e com seu machado de dois gumes entra na luta com Ogum. Aí então, Iansã acalma os dois Orixás.

Os Axêres

Conforme o Batuque vai acontecendo, os orixás chegam (ocupam-se da consciência e do corpo de seus filhos) e fazem o fundamento da religião, conforme o ensinamento do Babalorixá e da Yalorixá. Feita a obrigação os Orixás “sobem”, vão embora. Os orixás são despachados, geralmente por filhos-de-santo mais antigos e experientes do Ilê, porém eles ficam em “axêre” ou “axêro” (No Candomblé são chamados de Erês), estado intermediário entre a ocupação do orixá e da pessoa propriamente dita. Os axêres agem como crianças, tomam refrigerante e adoram fazer brincadeiras com as pessoas, pois seu linguajar é confuso, trocam as expressões como, por exemplo: “tigue” (tigre) quer dizer carro, “confeitaria” quer dizer bolo, “pouco” quer dizer muito, “feinho” quer dizer bonito, e assim por diante. È um momento de descontração, porém deve ser mantido o respeito, pois apesar de fazerem brincadeiras, os axêres ainda conservam a essência do orixá.

A Levantação da Obrigação

Terminada o período em que a obrigação deve ficar arriada, há a levantação, termo que se refere ao ato de levantar as vasilhas contendo as obrigações de corte que estavam arriadas, limpa-las e guarda-las nas prateleiras dentro do Quarto-de-santo. Mantendo um costume desde o tempo dos escravos, as obrigações são guardadas no Quarto-de-santo e ocultas por cortinas que geralmente tem á sua frente imagens católicas que se referem ao sincretismo religioso, assim como velas, castiçais, comidas de santo, flores e outros objetos sagrados pertencentes aos Orixás.
O Peixe

A obrigação do peixe é feita pela manhã bem cedinho, e só ocorre em festas grandes, com quatro-pés. Alguém encarregado deve ir ao rio ou ao mercado público e trazer peixes ainda vivos para serem imolados aos Orixás, de Bará á Oxalá, por isso não pode ser uma quantidade muito pequena. Os orixás de frente recebem pintado como obrigação e os Orixás de praia recebem jundiá. No Quarto-de-santo são imolados ao menos um peixe para cada orixá e a ele é destinado: a cabeça, as barbatanas, a cauda e um pouco de axorô (sangue). A carne dos peixes imolados é servida com pirão (ebó) no almoço e deve ser consumida pelos presos (filhos que estão de Obrigação) e pelos que estão na casa, pois o ebó de peixe simboliza fartura e prosperidade.
Uma quantidade maior de peixes é preparada frita para ser servida ao povo que comparecer ao batuque de encerramento ou no Toque do Peixe – toque realizado na noite do corte do peixe, porém com duração mais curta quando serão consumidos o ebó do peixe e peixes fritos, além das comidas dos orixás.

 Mesa de Ibedji

A obrigação da Mesa de Ibedji é feita no Batuque de Encerramento e nas ocasiões em que o Babalorixá ou Yalorixá acharem necessárias. É realizada no início da noite e antecede o Batuque de Encerramento. Dela participam crianças de zero á doze anos, além de mulheres grávidas, ou que queiram engravidar. São “tirados” erís de Bará, de Xangô e Oxum (que representam os Ibedji) e dos orixás velhos. A Mesa de Ibedji é riquíssima de detalhes e constitui uma obrigação religiosa com muito axé e beleza. Significa agradar e reverenciar aos orixás das crianças que simbolizam pureza, paz e prosperidade.
Uma grande toalha branca é colocada ao chão e nela colocam-se 01 gamela de frutas, 01 gamela contendo amalá, flores, 01 quartinha, brinquedinhos, bolo, doces e refrigerantes. As crianças participam em grupos de 06, 12…(números múltiplos de 06, a “conta” de Xangô), sentam-se ao redor da toalha, as menores acompanhadas por um adulto. Servem-se para as crianças: primeiramente canja de galinha, depois os doces e refrigerante. Após terem comido o que foi servido, são dados ás crianças uma colher de mel e um gole de água. Depois são lavadas e enxugadas as mãos das crianças. Terminadas estas etapas as crianças são levantadas da mesa por pessoas adultas ou por orixás que tenham “chegado” na mesa e conduzidos a formarem uma roda ao som de erís de Xangô. São feitas quantas mesas forem necessárias para que todas as crianças presentes participem da Obrigação.

Encerrada a Mesa de Ibedji, os Orixás que chegaram durante e a Mesa de Ibedji, recolhem os itens que ainda restam na mesa e levam até o Quarto-de-santo. Os brinquedos são distribuídos entre as crianças que participaram da Mesa.

 Toque de Encerramento

É o toque que encerra as atividades públicas do Batuque Grande. Tem uma proporção um pouco menor do que o primeiro toque, pois é antecedido pelo corte do peixe e do corte de confirmação, quando são imoladas somente aves aos orixás.A cor dos axós é preferencialmente o branco e pode acontecer a Mesa de Ibedji antes do início do toque. É nesta noite que serão dados os axés de Obés e Ifá. Entre os alimentos servidos aos convidados prevalecem os doces, além da canja, da canjica e do amalá (este feito com carne de peito de gado). Seguido do toque, no dia posterior há a levantação da obrigação do corte de confirmação.

O Passeio

O término da obrigação para os filhos-de-santo que estão presos por motivo de seu aprontamento ou por obrigação de Bori é o Passeio no dia posterior á Levantação, pela manhã, antes, porém o Babalorixá ou Yalorixá leva os presos até a porta da frente do Ilê e apresenta-os à rua (aos Orixás da Rua), liberando-os para saírem fora dos limites do Ilê.

É comum no centro de Porto Alegre reconhecermos um grupo de presos passeando juntamente com seu Babalorixá ou Yalorixá . Saindo do Ilê vão até o centro visitar lugares de grande significado para a comunidade batuqueira: A Igreja do Rosário construída com o trabalho do negro escravo (antiga irmandade de negros) , o Mercado Público – lá compram cereais, grãos, e velas -, o Rio Guaíba ( que banha a cidade) – lá reverenciam Oxum e jogam moedas ao rio pedido prosperidade e fartura. Em seguida, vão visitar algum Ilê conhecido onde “batem cabeça” cumprimentando os Orixás do Ilê e lá depositam parte das compras feitas no mercado. De volta ao Ilê, batem cabeça no Quarto-de-santo e arriam o restante das compras feitas. Cumprimentam o Babalorixá ou Yalorixá na nova condição de Filho-de-santo pronto, ou borido (conforme a obrigação realizada).


Fonte: http://www.reinodeoxum.com.br/Batuque08.htm

COMUNIDADE POVO DE ARUANDA (ORKUT}

http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=11739186
Orixás,contas,cores e saudações...


*Bará - 07 e seus múltiplos,vermelho,ALUPÔ!
*Ogum - 05 ou 07 e seus múltiplos,verde e vermelho,OGUNHÊ!
*Iansã/Oyá - 07 e seus múltiplos,branco e vermelho,EPAÊIO,EPAÊIA!
*Xangô - 06 e seus múltiplos,vermelho e branco,KAÔ KABESIELE
*Odé - 08 ou 13 e seus múltiplos,azulão ou rosa e branco,OKEBAMBÔ!
*Otim - 08 ou 13 e seus múltiplos,azulão ou rosa e branco,OKEBAMBÔ!
*Obá - 07 e seus múltiplos,marrom ou rosa,EXÓ!
*Ossanha - 07 ou 11 e sesus múltiplos,verde e branco ou verde e amarelo,EU,EU!
*Xapanã - 09 e seus múltiplos,preto e vermelho ou lilás,ABAÔ!
*Oxum - 08 e seus múltiplos,amarelo ou amarelo e branco,ORÍ IE IEÔ!
*Iemanjá - 09 e seus múltiplos,azul,azul e branco ou lilás claro,OMIÔ ODÔ!
*Oxalá - 08 e seus múltiplos,branco ou branco e preto,EPA BABÁ,EPAÔ,EXÊ BABÁ!

fonte de pesquisa:http://batuquenaweb.blogspot.com.br

Um comentário:


  1. "Cabra Preta milagrosa, que pelo monte subiu, trazei-me (Nome da mulher/homem que deseja), que de minha mão sumiu. (Nome da mulher/homem que deseja), assim como o galo canta, o burro rincha, o sino toca e a cabra berra, assim tu hás de andar atrás de mim.

    Assim como Caifás, Satanás, Ferrabrás e o Maioral do Inferno, que fazem todos dominar, fazei (Nome da mulher/homem que deseja) se dominar, para me trazer cordeiro, preso debaixo do meu pé esquerdo.

    (Nome da mulher/homem que deseja) , dinheiro na tina e na minha mão não há de faltar; com sede, tu, nem eu, não haveremos de acabar; de tiro e faca, nem tu, nem eu, não há de nos pega r; meus inimigos não hão de me enxergar.

    A luta vencerei, com os poderes da Cabra Preta milagrosa. Fulano, com dois eu te vejo, com três eu te prendo, com Caifás, Satanás, Ferrabrás."

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